31 julho 2007

O Tantaprosa e o Darwin

Eu e a Marocas estamos escrevendo uma coluna semanal num blog. O Tantaprosa nasceu no lançamento do Sarabanda, da Ana, citado alguns posts pra baixo. O Ivan Antunes, do Tatu-bola nos apresentou alguns amigos que iam começar um blog com ele, cada dia um escreveria algo sobre um assunto diferente.

Eu e a Carol não resistimos, como poderia um blog só com homens? Aí decidimos que queríamos participar também, o olhar feminino ou algo assim. A gente sabia que, no fim, só ia ter bobagem na "coluna", mas tá valendo, porque escrever besteira é conosco mesmo!

Aqui vai o rascunho do que eu pensei em postar. Ela ainda vai alterar pra publicar no Tantaprosa, mas queria que o texto que eu escrevi fosse lido aqui também.

Hoje o tópico é a seleção natural e as relações entre mulheres e homens.

Tudo começa com uma anedota. Estávamos na Salsa, Carol e eu, dançando e cuidando dos nossos quadris, quando um homem alto, magro, loiro, de olhos azuis, adentra a pista com uma mocinha até bonita, com cara de brasileira. Ele com uma cara de gringo! Começam a salsar e ele não decepciona, sabe todos os passos direitinho, segura ela pela cintura bem juntinho, todos os "inhos" possíveis para um futuro casal. Ele tinha um olhar apaixonado e dançavam até lascivamente...

Eis que um outro homem, forte, moreno, está encostado numa parede perto do gringo-dançante. Por alguma razão a moça pára de dançar e vai ao bar. Na volta, comprimenta o morenão e fica conversando. O gringo olha, chupando dedo. Olha e espera a parceira de dança. E ela começa a tocar o peito do moreno, dar altas risadas, diríamos até oferecida... Depois de um bom tempo sendo ignorado, o gringo vai até ela, diz que já vai embora. Ela não tá nem aí, diz "tchau então!", se despede e ele sai, desapontado...

Eu olho pras Marocas, que olham de volta pra mim e eu falo: vou atrás dele, tadinho! Tá bem que era um gringo meio magrelo, mas fique com genuína pena dele ser tão descaradamente ignorado pela moça que há 5 minutos se agarrava nele... Achei que ele precisava de uma ajuda na auto-estima. Ele estava no caixa e eu fui pra saída do Conexión Caribe, esperando por ele... Os mojitos fazendo efeito, quanto ele passou por mim, disse sorridente: mas já? É cedo! Ele retruca num sotaque carregado: um outro dia, quem sabe...

É pra me servir de lição. Volto pra pista, Marocas rindo de mim pela minha cara-de-pau, olho pro lado e está a moçoila-que-arrasa-corações-estrangeiros se esfregando num pseudo-merengue com morenaço. E em dois minutos, num daqueles beijos cinematográficos que você pode até ver o tamanho das papilas gustativas...

Ficamos eu e Marocas pensando: pobre do gringo! A gente só sabia que esse ia ser nosso primeiro post, a seleção natural. Nós, cientistas que somos, concluímos que nesse caso, o macho mais forte conseguiu a fêmea disposta a copular, e não teve nem que se esforçar pra isso. Ela foi atraída como um míssil teleguiado até ele, deixando o gringo literalmente na mão.

Dois pontos importantes que servem pra nossa conclusão científica: o moreno tinha cara de cafa e o gringo cara de anjo; o moreno era bem forte, o gringo mais franzino. Fato é, nenhum dos fatores que levaram a mulher a escolher o moreno é garantia de uma boa noite de sexo ou algo que o valha. Na verdade, isso é uma ilusãio dentre as mulheres. Foi consenso entre as que presenciaram o mundo animal do chaveco que o moreno tinha pau pequeno. E que ela estaria, sem dúvida nenhuma, melhor com o gringo. Mas é tudo uma questão de aparência.

Na natureza, as leoas escolhem o leão mais forte, as sapas escolhem o sapo que inchar e parecer maior, o pavão com as penas maiores e mais belas sempre se dá bem. Acontece que quem vê pena não vê pau... ops, coração...

30 julho 2007

Luto em 8mm

Hoje morreu Ingamar Bergman. Fiquei muito triste, afinal ele foi um dos elementos que culminou na minha cinefilia... Pra quem assiste Two and a Half Man (um seriado) isso faz sentido: Oi, meu nome é Julia, tenho 20 anos, e minha empregada disse que eu sou cinéfila... O primeiro passo é admitir que você tem um problema, certo?
Acho que um dos primeiros filmes chamados de "cult" que eu assisti foi Morangos Silvestres... É um filme meio auto-biográfico, muito sensível, belo, cheio de referências à psicanálise, parece um sonho. Daí fui ver O Sétimo Selo, Fanny e Alexander, Cenas de um Casamento...













Desse sueco passei a assistir filmes de um alemão fantástico, Werner Herzog. Não, não é o Herzog que foi morto na ditadura, não sei nem quantas vezes já ouvi "Ué, ele era cineasta?"...
O Herzog de quem eu falo dirigiu Fitzcarraldo, que foi filmado aqui no Brasil em Manaus, e é muito bom; Fata Morgana, que é um filme difícil de descrever, pois não há uma história central; O Enigma de Kaspar Hauser, que é sobre um um jovem que de repente aparece no meio de um mercado em Nuremberg e é "adotado" por um nobre, com quem aprende a falar, a comer, pois antes vivera sua vida num celeiro, mantido cativo por um "homem de preto"; Aguirre, que fala de uma insana expedição para Eldorado; e Heart of Glass (não sei a tradução) que fala de uma fábrica de vidros e cristais numa cidadezinha de interior e os segredos do falecido dono.












Do Herzog fiquei mais light e comecei a explorar o Altman, cara fantástico que influencia toda uma geração. Não sei se fui só eu que achei Magnólia muito encharcado de Altman... O primeiro que eu vi, e o mais clássico, foi Shortcuts. Esse filme é um que eu não canso de assistir...













Mas o cineasta que eu mais adoro e acho que consegui assistir em torno de 80% da obra é o Fellini. Assim, conheço desde criança, mas só consegui apreciar com uns 16 anos... Foi quando descobri o Kubrick também, afinal, Clockwork Orange não é pra qualquer um... Aí com essas coleção de cineastas eu passei a ser cinéfila. Era um filme novo toda semana. Me lembro até de ter feito um site sobre o Kubrick e outro sobre Fellini, fantástico...













Amarcord foi o primeiro filme do Fellini que eu vi, devia ter, sei lá, meus 12 anos. Eu não entendi muito do filme não, era meio surrealístico, parecia uma mistura de Buñuel com Picasso... Mas fui me interessando cada vez mais, assisti então Satyricon, filme meio doido sobre a Roma na época do Pão e Circo. Um filme bem de embrulhar estômago, mas nada como Calígula. Ainda assim fiquei muito impressionada. Ao mesmo tempo, assisti a Clockwork Orange, o que acho que contribuiu para a minha fascinação por cinema. Tanta coisa pra ser retratada em algumas falas e imagens e músicas juntos, com 100 minutos de duração!













A partir daquele momento Fellini virou paixão. Otto Mezzo (8 1/2), E La Nave Va, Le Notti di Cabiria, I Viteloni, La Strada, I Clowns, Giulietta Degli Spiriti, Ginger e Fred, Casanova, Roma, La Citta Delle Donne, são alguns que eu consigo citar de cabeça, e também, são meus preferidos.

Recomendo!




28 julho 2007

My life, my love

O Amor e o Uso dos Pronomes


meu amor me presenteia com flores esquecidas
na rua
meu amor tem pesadelos pra que eu durma
quentinha
meu amor é um urso com a pelúcia por dentro


meu amor é meu
: porque essa língua é surda
nos enrosca e troça
e só pensa nos possessivos.


Esse poema é de Ana Rüsche, publicado no seu último livro, Sarabanda, que está na minha mesa de cabeceira há alguns dias. A Ana me impressionou muito nesse livro, principalmente em comparação com o anterior, Rasgada. É um livro com estilo único, que tem a escrita da Ana, a cara da Ana, a marca da Ana. Acho que ela encontrou o ritmo, o estilo e a musicalidade própria dela.

Eu até comentava outro dia que quando se lê, por exemplo, um poema de Fernando Pessoa sem saber quem é o autor, é possível saber que é o Pessoa, pelo poema. Com a Ana eu senti a mesma coisa. Se me dessem o Sarabanda pra ler sem me dizer o nome da autora, eu provavelmente arriscaria um "É da Ana?".

Não sei porque esse poema é meu preferido. Só me tocou muito! Ontem à eu lia e relia e quando percebi chorava sem parar. A tristeza das flores esquecidas, a raiva dos pesadelos, a aspereza do urso...

A Ana brinca com os pronomes e o poema é dela, só dela.

26 julho 2007

Thank God it's Wednesday

Adoro quartas-feiras (Aninha, e agora, o plural tá certo?), anseio por esse dia.

Quarta é dia de despir-me de todo o preconceito, de todas as máscaras, de todas as inibições, de toda falsidade, de toda postura e compstura.

Quarta é dia de libertar-me dos demônios, de espantar os fantasmas, de matar minhas assombrações e encontrar paz.

Quarta feira, o dia do meio da semana, é o dia de buscar o equilíbrio, de desabafar e ficar mais leve, de escutar. De lágrimas. De falar descontroladamente. E falar palavrão.

Quarta é sempre dia de me encontrar e me perder em mim mesma, nas minhas alucinações e divagações. Quarta é dia de contar o final de um filme muito bom...

Quarta é também dia de silêncio, aquele silêncio que incomoda porque a gente sabe que tem algo a ser revelado, mas não tem coragem nem vontade de enxergar. É também, às vezes, o dia em quem a gente se permite entrar em contato com aquilo que incomoda e dói.

Quarta à noite é minha hora, só comigo, de frente no espelho, cutucando feridas, resgatando memórias, superando traumas. Eu de frente comigo mesma. Me enfrentando, me confrontando, me consolando e me cuidando. Eu me destruindo e me re-construindo aos pouquinhos.

Quarta é dia de... terapia.

24 julho 2007

A Maldição do Coelinho III - Redux, Reloaded ou Revolution?

Bom, resolvi postar a terceira e última coisa que as pessoas não sabem sobre mim. Terceira porque obviamente estou indo na ordem numérica, e última porque não tenho mais nenhum segredo. Então eu pensei, se eu cumprir metade da maldição, o Coelho Gigante não vai me matar, só me causar lesões corporais graves (ou gravíssimas, isso é que dá estudar Direito).

Eu estava andando hoje na rua, saindo da Secretaria Municipal de Cultura, onde estagio na Assessoria Jurídica, uma chuvona, vários guardas-chuva se trombando (AnaR, qual é o plural correto de guarda-chuva?), meu all-star se molhando e conseqüentemente molhando minhas meias, vários meninos de rua deitados nas poças d'água, enquanto umas senhoras entravam num bingo bem brega e um cara me chamava pra entrar num cinema pornô que tem por lá... Estava tudo muito frio, cinza e sujo. E aí que eu percebi que isso era, resumidamente, como eu via a minha vida. Fria, cinza, umas poças sujas pelo meio do caminho, intercaladas por algumas coisas coloridas e divertidas, engraçadas... Entrei no carro quase chorando, não sei bem porque.

Fiquei pensando "O que é que eu estou fazendo nesse estágio, nessa faculdade, nesse carro? Por que é tão difícil ser feliz com o que eu tenho?" The grass is always greener on the other side. "Por que não me contentar com o fato de que tenho uma casa boa pra morar, uma família que me ama, uma faculdade que, ainda que mal, ensina alguma coisa?" The grass is always greener on the other side. "Por que é que eu não posso ser uma mulher linda, arrasadora?" The grass is always greener on the other side. The grass is always greener on the other side. The grass is always greener on the other side. Por que, por que, por que...

Não sei a resposta de nada disso, e honestamente nem quero saber. A minha revelação de hoje é que cansei de perguntar esses porque's e que de agora em diante, nãoquero mais estar infeliz... Me considero uma pessoa que, apesar de ter bons momentos, estava, no fundo, infeliz, e já faz um tempo que isso acontecia. Obóvio que já fui feliz, mas quero ser de novo, quero ser mais. Tenho conseguido ultimamente, amigos poetas e afins têm ajudado demais. Mas agora nada de ficar olhando pra trás, pra relações fracassadas, pra "e se...", pras frustrações da faculdade, pra nada do que deu errado. As coisas vão começar a dar certo daqui em diante, nem que seja na marra.

E chega de posts confessionais, que saco, isso aqui tá mais parecendo terapia de grupo que blog... Não vou mais escrever coisas que as pessoas não sabem sobre mim... Até porque não há mais nada. Que venha o Coelinho do Donnie Darko!!! Como diz a Carol Marossi, "coelinho, se eu fosse igual a tu, tirava a mão do bolso e enfiava a mão no... coelinho..."

Estou ouvindo: Los Hermanos - Primeiro Andar

23 julho 2007

O Fim de Semana

Não postei nada nodomingo porque a ressaquinha me deixou de cama. Acordo hoje com uma dor de garganta, um horror... Culpa das Marocas, sempre!!!

Sábado fui na casa do Franca comer Fidel'a (sei lá como se escreve, o Dan que cozinhou...) que é parecido com Paella, só que ao invés de arroz, é macarrão... Um macarrão bem pequenino by the way. Foi divertido, encontrei um monte de gente que fazia tempo que eu não via, o Marcão tava lá (vai casar dia 11/08, quem diria, tá chegando), enfim, foi divertido.

Saí de lá mais ou menos uma da manhã e fui pegar minha fiel escudeira de todas as noitadas e nos mandamos para a praça Roosevelt, onde estava tendo uma récita de poemas. O Titi tava lá, muy muy loco, como siempre, recitando e bebendo vodka. Ele recitou um ato inteiro de uma peça de teatro que ele escreveu em papel higiênico durante uma balada. Eu ainda me lembro da parte "eu trepo dançando...". O Titi é bizarro.

Com o Gus à tira-colo fomos (detalhe que já eram 3 da manhã) ao Milo's Garage, uma portinha na Rua Minas Gerais, paralela à Av. Angélica, bem no começo, perto da Av. Dr. Arnaldo. Tava bem cheio a hora que chegamos, mal dava pra andar. Aqui começa a parte boa do relato. As marocas estavam lindas, as usual, mas com uns acessórios bem legais. Ela tinha uma boina preta e um cinto bem vintage (leia isso com sotaque francês, parece que é o certo... hahaha). Estávamos na fila pro banheiro e não é que uma bichona vem falar pra ele como ela tava estilosa.
Turns out que essa bicha é de Bauru, veio morar em SP vendendo lanche em algum restaurante de praça de alimentação, e hoje é vendedor da Glória Coelho na loja do Morumbi. Eu e a Marocas adoramos o Luciano (ah, sim, esse é o nome da figura). Ele é engraçadíssimo, ficou conosco a balada toda, rimos muito, dançamos muito, bebemos muito! Aí a gente achou que ele merecia um post no blog, obóvio, um ícone desses merece destaque. Todos trocamos telefone e combinamos de ir no Milo's sábado que vem...

Pra fechar essa segunda feira chuvosa, dou-lhes um trecho de um de meus poemas preferidos, me descreve muito bem:

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(...)

Álvaro de Campos

Estou ouvindo: Elvis Crespo - Suavemente

21 julho 2007

Maldição do Coelinho II - O retorno

Bom, são exatamente 2h18 da madrugada. Lembrei de uma coisa que as pessoas não sabem, não é nada demais.

2 - Eu sou medrosa. Mas mais que o normal. O que as pessoas sabem é que até uns 9 anos de idade eu não conseguia dormir sozinha. Por anos eu azucrinei meus pais levando um colchão pra dormir no quarto deles, ou na cama com eles mesmo. Acho que poderia me classificar como a empata-foda dos meus pais, coitados... Depois de um certo tempo, consegui dormir sozinha (meio que forçada, na verdade), mas só com a luz acesa... A gente vai crescendo, fica feio ter tanto medo do escuro, tive de aprender a dormir sozinha E de luz pagada. Hoje em dia não consigo mais dormir se não for no breu... Vai entender.

O que as pessoas não sabem é que o medo que é bom, não perdi não. Eu controlo, não deixo mais me atrapalhar tanto, o que não significa que eu parei de sentir. Hoje, por exemplo, estou sozinha em casa. Meus pais e minha irmã estão no interior, e restou cá a Quati solita... Tranco a casa toda, fecho todas as portas, tranco a porta do quarto que estou e durmo com o celular, o telefone e uma faca de cozinha do lado.

Embaraçoso? Pode ser. Mas quando aparecer o cara do Zodíaco ou a Samara pra me pegar, eu pelo menos tento me defender... E olha que às vezes eu realmente acho que eles estão por aqui...

19 julho 2007

A Maldição do Coelinho

A Maldição do Coelhinho

"Deve postar no blog uma lista de 6 coisas que as pessoas não sabem sobre você ou suportar um ataque de um coelho gigante com um tiro na cara, igual ao Donnie Darko, quando você estiver lavando os cabelos de olhos fechados. Depois, tem que repassar a praga para 6 blogueiros."

Recebi isso num comment anônimo. Achei bem engraçadinho considerando que pouca gente conhece Donnie Darko. Como não quero, pra mim, um final como o do filme, vou cumprir a maldição, amaldiçoar outros blogueiros, é assim que tem que ser.


















Hoje vou postar o primeiro item da lista de coisas que as pessoas não sabem sobre mim. Não são muitas, afinal eu não sou de ficar fechada escondendo segredos. E nem são muito interessantes também não, afinal, o que vale a pena saber eu conto e mostro mesmo.
1 - Eu tenho uma mania irritante (para os outros, não pra mim, que é uma mania divertida) de tentar ler o que as pessoas do meu lado ou perto de mim no ônibus estão lendo. Semana passada mesmo eu fiquei lendo um livro da Cia. das Letras deveras ruim, eu estava em pé, ao lado de um cara que estava sentado (e ele nem pra dar o lugar pra mim...). O livro se chamava "RETRATO DE UM ASSASSINO- Jack, o Estripador: caso encerrado", bem fraquinho mesmo. Mas fui, com o trânsito todo de São Paulo, devorando as páginas que eram viradas vagarosamente. Estava bem no meio da história, acho que juntos lemos um capítulo inteiro. O ônibus parou no ponto do Hospital das Clínicas, ele olhou pra cima, eu não disfarcei. Ele se virou, fechou o livro bruscamente, ficou olhando pra janela... Porque será que as pessoas não querem dividir sua leitura? Mês passado um cara lendo o Estadão ficou emburrado porque eu tentava ler a coluna da Dora Kramer ao mesmo tempo que ele... Vai, você gostar muito de um livro e não querer dividir, tudo bem... Mas justo a Dora Kramer?

A Raposa

Acabei de chegar em casa. A cerveja atrapalhou um pouco os reflexos no trânsito, nada preocupante. Oi pai, cheguei. Boa noite, filha, durma bem. Você também, beijo. Beijo. O computador tá ligado há um tempão, desde ontem, que nem eu. Parece que não consegue dormir. Os pensamentos borbulhando na cabeça não deixam a gente descansar! E a luzinha da CPU piscando não deixa a gente dormir. A angústia só está passando agora, tive uma noite muito boa, foi isso... Acho que hoje vou dormir muito bem, desligar o computador e o cérebro. O jantar foi muito bom, donas Marocas são a melhor companhia... Comida boa, mais cerveja, muito papo. Não sei o que eu faria sem ela. Donas Marocas ajudam muito as Quatis. Jogando conversa fora, falando de homem (ai se eles soubessem), falando da vida. As Marocas são as amigas que as Quatis queriam ter há um bom tempo. É bem difícil sair do colegial e manter todo o grupo unido, sabe? Principalmente quando você está no centrão e o resto está no mosquiteiro que é a Cidade Universitária. Bah, a culpa não é a distância não, mas a falta de dedicação mesmo. Que que eu posso fazer se preferia namorar a ter amigos? Aí, quando você vê, nem na sua classe de-todo-dia, nem nos seus amigos "antigos" você encontra alguém, alguém pra quem você possa telefonar, por exemplo. Na verdade, nem o número de telefone deles eu tenho mais! A Academia de Letras, por sua vez, fornece amigos mais momentâneos, meio que os amigos "de balada", ou não, mas amigos menos íntimos, daqueles que você morreria de vergonha de ligar bêbada e dizer "eu te considero pra caralho". Telefono mesmo só pras Marocas ultimamente... Triste não ter amigos na agenda do celular né? Amigos, na verdade, acho que eu tenho muitos. Ou tenho feito muitos ultimamente. O pessoal do Vacamarela, considero amigos já. Gosto demais, quero bem, sou fácil de agradar! Agora, só posso mesmo ligar bêbabda pra poucos... è isso que acontece quando não se cultivam as amizades, não se pode ligar bêbada pras pessoas, e aí eu me lembro do Pequeno Príncipe. Não, não estou concorrendo a Miss de coisa-nenhuma, mas convenhamos que esse livro é fantástico. A raposinha dizendo que temos que ser cultivados é lindo demais. Jantar com as Marocas, cerveja, confissões e risadas, é esse o meu cultivo, é essa minha tentativa. Há três anos que eu não sei o que é ter uma amiga mulher, com quem você pode conversar sobre Nietzsche e sobre as unhas quebradiças. Sobre Pessoa e sobre a roupa do casamento. Sobre a vida e sobre o nada. Bêbada sobre o quanto eu a "considero pra caralho".
Marocas, sou grata que meu Karma pôs alguém tão fantástica no meu caminho.
Um beijo

16 julho 2007

Pro dia não passar em branco

Pro dia não passar em branco, vou postar algo sobre minha banda preferida.

Os Beatles (ou os The Beatles como seria certo dizer) são uma paixão na minha vida, daquelas eternas e crescentes. Acho que eu era a única criança pequena fascinada pela música deles, desde aquelas canções bobinhas e românticas como "I Wanna Hold Your Hand" ou "Can't Buy Me Love", da primeira leva de hits, até as mais malucas, como "I Am the Walrus" e ainda as mais elaboradas e complexas como "Dear Prudence" e "The Long and Winding Road".

Acho mesmo que peguei esse fascínio da minha mãe, fã incondicional... Afinal, ela era adolescente na febre da Beatlemania... Mas o prazer que eu sentia ouvindo Beatles era meu, a paixão foi espontânea e instantânea. Minha mãe foi só um facilitador, só a introdução.

5 anos de idade, essa é a minha lembrança mais antiga sobre eles. A gente tinha umas fitas cassetes dos Beatles e indo pra Rolândia (famigerada cidade citada em outro post), durante as 6 horas de viagem, escutava-se somente os garotos de Liverpool. Meu pai não aguentava mais, mas eu sempre pedia, em todas as viagens de carro, "Mãe, coloca eles!".

Aí, não sei bem quando, ouvi a música "Julia", foi lançada no White Album [1]. Foi uma emoção, eu falava "Mãe, é meu nome!!!" como uma criança que ganha o presente mais legal do mundo, como alguém que descobre as américas. E ela teve a covardia de dizer "Ah, eu pedi pro John escrever pra você essa música". Imaginem o que é uma pobre criança iludida, achando que John Lennon, himslef, tinha escrito uma música pra mim, PRA MIM! Depois disso eu passei a sofrer de beatle-fever severamente, e minha mãe teve que se desmentir, me fazendo chorar muito... Nem por isso o John deixou de ser meu beatle preferido. Até hoje eu gosto de pensar que "Julia" é pra mim...




















E bem que isso também não impediu que eu continuasse gostando mais e mais da banda, procurando mais e mais músicas, pesquisando mais e mais da história, assistindo aos filmes... Eles hoje são parte integrante da minha vida, assim como respirar, eu não passo um dia sem ouvir alguma coisa, qualquer que seja... Se eu não puder ouvir Beatles vai ser como não ter um rim, ou algo do gênero... Eu, exagerada?

Meu último vício é o CD "LOVE", remixagem de Sir George Martin, que eu ganhei ano passado (é que com a Internet, eu não compro mais CD's, só tenho se for de presente, e que presente esse). O Sir George foi convidado pra "montar" a trilha do espetáculo do Cirque du Soleil, Love (obóvio), e juntou um monte de músicas, fez montagens malucas, colocou rifs de guitarra de uma em outroa, misturou Dear Prudence com Come Together (que ficou ótimo, by the way), e criou um inédito post-mortem da maior banda de todos os tempos.























Pra quem não sabe, o Sir George Martin é o produtor mais famoso dos Beatles, responsável pelo álbum mais famoso, eleito o melhor álbum de todos os tempos. o Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band é, de longe, meu disco preferido. Meu e de meio mundo, né?

Na produção desse álbum deve ter descido Deus na Terra pra uma obra de arte tão magnífica. Disse o George (o Harrison, dessa vez) que o Studio 2 onde eles gravavam não tinha atmosfera, que eles tiveram que criar um clima... E que clima. Acho que Krishna encarnou em algum deles... O Sir George Martin até disse uma vez "If John wanted something really weird, I had to try and provide it to him", e aposto que o John quis muitas coisas weird.



Essa foto é deles se preparando pra fotografar a capa do Sgt. Pepper's. Essa capa é animal, tiveram que conseguir várias fotos de gente famosa de corpo inteiro, um custo, quase impossível. Se prestarem atenção, encontrarão o Churchill, o Bob Dylan, a Marilyn Monroe, o Chaplin, o Mohammed Ali, eles próprios, o Ed Sullivan, uma galera.

Bom, então é isso, paramos por aqui com as Confissões de Julia. Rá, é muito bom falar de Beatles. E sobre o Love, recomendo, vale a pena baixar/comprar.

15 julho 2007

O Dia Seguinte

Ontem a balada foi boa, a Casa do Imperador Amarelo tremeu, e a casa do Gus, coitada, foi invadida por vários poetas e amigos-dos-ursos. AnaR esgotou seus livros, e eu garanti o meu, claro. O "Sarabanda" ficou lindo, assim como o livro do Victor Del Franco "O elemento subterrâneO".

Saímos do lançamentos-balada-aniversário-dos-ursos-e-do-ivan e fomos invadir a casa do Gus, comemos miojo, cup noodles (eca... mas a fome era grande), tomamos cerveja, e conversamos muito, estava muito bom...

Eu Quati e o Gus Guaxinim
















Cheguei em casa às 7 da manhã, como prometido, depois do sol raiar. Mas balada foi só até 4 e meia da manhã. Deixei os Gracildos em casa e fui embora... Chegando na garagem do meu prédio, encontro meus pais saindo pro aeroporto de Guarulhos pra buscar a minha irmã que tava chegando da Inglaterra. Obóvio que eu fui junto.

Aqui a fofura que é a mini-quati:






















Aí as quatis (eu) foram dormir, descansaram bastante, comeram e estão perdendo tempo no blog!

14 julho 2007

RE-lembrando

Só pra não esquecer:


Festa, música e Livros

Hoje: 14/07 - à partir das 20h00

Onde: Rua Itararé, 164 (paralela à Frei Caneca, atrás do Shopping), Bela Vista

O quê: lançamentos Ana Rüsche, Victor Del Franco, Del Candeias, Antonio Vicente. Aniversário dos Ursos e do Ivan Ragnarok. Sobre tudo, comemoração da Queda da Bastilha!

Quem: Os protagonistas e todos os seus amigos malucos, e talvez até o pessoal que conhecemos (eu, a Maroca e a Dani) na Salsa ontem...

Até: que de manhã alguém me leve pra casa, de preferência passando antes na padoca pra comer um pão na chapa...


Passada a fase dos informes, segue um poema inédito. Foi escrito quando eu conversava com uma pessoa que amo demais, que está muito longe e faz muita falta. Caquy, saudades, hon.


Ortodoxia

não deveria me beijar porque não deveria me tocar
não deveria me tocar porque não deveria falar comigo
não deveria falar comigo porque não deveria nem me ver


mas viu
falou
tocou
beijou.


Oivey, e agora?

13 julho 2007

Treze

Com a devida licença, um poema de Ivan Antunes, muito apropriado ao dia, diga-se de passagem.


Sexa feira treze
Sexa sexa sexa treza
dizia a atendente do supermercado

Sexa treze treze treze
Sexa gorda e treze ai ai
Queria emagrecer tudo a atendente

Tentou a reza braba
Vela prum santo
Passar debaixo de escada
Correr atrás de gato preto
Treze vezes gorda na sexa sem sexo

Queria poder transar só
Transformar a treze em transa
Trama travada bem tratada
Sem amor

A sexa era treze treze treze
Os clientes treze treze treze
O patrão não era treze nem esquerdo
O lucro mais sujo e mais pesado
- o problema obeso da abstinência perdurava


Só pra lembrar que amanhã tem balada de Queda da Bastilha na Casa do Imperador Amarelo, com lançamento de livros de Ana Rüsche, Victor Del Franco, Del Candeias; aniversário do Ursos e do Ivan Hagnarok (seja lá o que isso signifique); e, claro, aniversário da Bastilha.

Venham perder a cabeça!


12 julho 2007

Tradução

Aqui vai a primeira tradução de Mallarmé. Esse soneto não tem título.
Colaboração: Thiago Ponce de Moraes


" Introduzir-me em tua história
Ser como herói intimidado
Tivesse o calcanhar tocado
Algum gramado território

A geleiras atentatório
Ignoro o ingênuo pecado
Ao qual não terias impedido
Cantar bem alto sua vitória

Diz se não sou muito feliz
Sobre eixos trovão e rubis
De ver no ar que o fogo fura

Pelos reinados trepadeiras
Como morrer a roda púrpura
Na noite só de minhas liteiras "

O original:

" M'introduire dans ton histoire
C'est en héros effarouché
S'il a du talon nu touché
Quelque gazon de territoire

A des glaciers attentatoire
Je ne sais le naïf péché
Que tu n'auras pas empêché
De rire très haut sa victoire

Dis si je ne suis pas joyeux
Tonnerre et rubis aux mouyeux
De voir en l'air que ce feu troue

Avec des rouyaumes épars
Comme mourir pourpre la roue
Di seul vespéral de me chars "

Stéphane Mallarmé

11 julho 2007


















foto por: Julia Lima
Esse é o lugar que eu mais amo no mundo. Podem dizer o que for, Paris é o paraíso na terra

09 julho 2007

9 de Julho

Hoje é feriado em São Paulo. Feriado que muita gente nem sabe o porquê de existir. Acho que a maioria pensa "Ah, é nome de Avenida, deve ser algo importante"... E o pior é que não o é...

Feriadinho tosco esse. Pra celebrar uma revolução tosca e descabida, megalomania de paulista... Ou paulishta como dizem os cariocas... A vantagem é que não precisamos trabalhar, a cidade fica vazia, e amanhã todos seguirão com suas vidinhas, nem aí pro que foi 09/07/1932...

Colocar 9 de julho assim até me lembra o 11/09, data marcante na história. A diferença é que a maioria sabe o que foi 11/09 mas não 09/07...

Bom, nem sei porque me ater a essa bobagem paulishta de defesa da democracia, bla bla bla de quatrocentões que enche a paciência da gente.

Queria mesmo é falar do meu feriado, se bem que nem isso é assunto digno de post. Na falta de conteúdo, vai um pseudo-diário mesmo... Estou em Rolândia. Sim, sim, eu sei que é um nome engraçado, eu sei que parece outra coisa, sim, já ouvi a piada de que aqui se plantam rolas, etc. Acontece que em Rolândia há muito mais que um nome engraçado. Há a minha avó, fofa, 87 anos e com saúde de ferro. Saúde "irritante", meu pai diria!

Dona Maria, a vovó, é uma figura. Católica devota, hipocondríaca de carteirinha, mãe coruja disfarçada e madame nas horas vagas. Isso porque, como não enxerga mais muito bem e obviamente não dirige, acha um máximo ter um motorista: o Zé. Esse aí, de tão magro, o vento leva... A gente brinca com ela "Ih, vó, cadê o Zé? E o vento levou..."
Sim, infame, mas ela se diverte.

A vovó vai pra São Paulo comigo hoje, voltaremos à civilização. Ela fica toda estressada de ter que viajar, no momento está no médico. Ela sempre sente alguma coisa que a levará ao leito de morte. E sempre, mas é sagrado, ela não tem nada. A coitada tem gastrite e acha que vai morrer do coração, tem dor de cabeça e já está tendo um derrame. Derrame não, um AVC que é mais "técnico"... Ela morre de medo de morrer, e não há Cristo que a conforte nessas horas. O negócio é levá-la mesmo ao médico e deixar que ela diga ao doutor qual é o próprio diagnóstico. Ele escuta, diz que talvez seja outra coisa, receita um AAS ou algo mais inofensivo (se é que há algo mais inofensivo) e ela volta pra casa toda feliz. Minha vó é uma figurinha.

A minha mãe brinca que a nossa família é de gente doida, e até hoje eu não consegui provar o contrário. O meu avô falecido só descobriu que chamava Eduardo aos 18 anos de idade, no tiro de guerra. Antes disso ele achava que seu nome era Ido. Bom, eu até preferiria chamá-lo de Vô Eduardo, porque Vô Ido sempre deu margem a interpretações errôneas (não hoje em dia, porque ele é ido mesmo...) do verbo "ir"...

As irmãs da minha avó tomam injeção na cabeça pra evitar a queda de cabelo. Um dos irmãos só porque já foi prefeito acha que manda na cidade de Arapongas (cada nome por aqui, né) e o filho mais velho, meu tio, esse aí devia estar num sanatório.

Esse post devia chamar mesmo minha família e outros bichos...

03 julho 2007

Primeiro Poema

Pra estrear o novo blog, um que não é sobre França e reis e rainhas e comida e viagens, vai um poema "acietável". Ou "razoável" como disse PauloM.


ele treze anos
fez a cabeça da namorada
nas cataratas do iguaçu
rolar

ela foi
um acidente de onze anos



Mas não pensem que isso aqui vai ser um blog de poesia, pois não, não tenho talento pra coisa. Mas una vez al año, no hace daño. Então teremos poemas anuais. Nesse meio tempo, só um monte de besteiras pra passar o tempo, poemas alheios ou de alhures. E talvez até algumas traduções minhas.

Prum primeiro post, a estréia até que está boa.

Aproveitem
foto por: Julia Lima