09 julho 2007

9 de Julho

Hoje é feriado em São Paulo. Feriado que muita gente nem sabe o porquê de existir. Acho que a maioria pensa "Ah, é nome de Avenida, deve ser algo importante"... E o pior é que não o é...

Feriadinho tosco esse. Pra celebrar uma revolução tosca e descabida, megalomania de paulista... Ou paulishta como dizem os cariocas... A vantagem é que não precisamos trabalhar, a cidade fica vazia, e amanhã todos seguirão com suas vidinhas, nem aí pro que foi 09/07/1932...

Colocar 9 de julho assim até me lembra o 11/09, data marcante na história. A diferença é que a maioria sabe o que foi 11/09 mas não 09/07...

Bom, nem sei porque me ater a essa bobagem paulishta de defesa da democracia, bla bla bla de quatrocentões que enche a paciência da gente.

Queria mesmo é falar do meu feriado, se bem que nem isso é assunto digno de post. Na falta de conteúdo, vai um pseudo-diário mesmo... Estou em Rolândia. Sim, sim, eu sei que é um nome engraçado, eu sei que parece outra coisa, sim, já ouvi a piada de que aqui se plantam rolas, etc. Acontece que em Rolândia há muito mais que um nome engraçado. Há a minha avó, fofa, 87 anos e com saúde de ferro. Saúde "irritante", meu pai diria!

Dona Maria, a vovó, é uma figura. Católica devota, hipocondríaca de carteirinha, mãe coruja disfarçada e madame nas horas vagas. Isso porque, como não enxerga mais muito bem e obviamente não dirige, acha um máximo ter um motorista: o Zé. Esse aí, de tão magro, o vento leva... A gente brinca com ela "Ih, vó, cadê o Zé? E o vento levou..."
Sim, infame, mas ela se diverte.

A vovó vai pra São Paulo comigo hoje, voltaremos à civilização. Ela fica toda estressada de ter que viajar, no momento está no médico. Ela sempre sente alguma coisa que a levará ao leito de morte. E sempre, mas é sagrado, ela não tem nada. A coitada tem gastrite e acha que vai morrer do coração, tem dor de cabeça e já está tendo um derrame. Derrame não, um AVC que é mais "técnico"... Ela morre de medo de morrer, e não há Cristo que a conforte nessas horas. O negócio é levá-la mesmo ao médico e deixar que ela diga ao doutor qual é o próprio diagnóstico. Ele escuta, diz que talvez seja outra coisa, receita um AAS ou algo mais inofensivo (se é que há algo mais inofensivo) e ela volta pra casa toda feliz. Minha vó é uma figurinha.

A minha mãe brinca que a nossa família é de gente doida, e até hoje eu não consegui provar o contrário. O meu avô falecido só descobriu que chamava Eduardo aos 18 anos de idade, no tiro de guerra. Antes disso ele achava que seu nome era Ido. Bom, eu até preferiria chamá-lo de Vô Eduardo, porque Vô Ido sempre deu margem a interpretações errôneas (não hoje em dia, porque ele é ido mesmo...) do verbo "ir"...

As irmãs da minha avó tomam injeção na cabeça pra evitar a queda de cabelo. Um dos irmãos só porque já foi prefeito acha que manda na cidade de Arapongas (cada nome por aqui, né) e o filho mais velho, meu tio, esse aí devia estar num sanatório.

Esse post devia chamar mesmo minha família e outros bichos...

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo, pois o processo histórico só é unitário por possuir sua base ontológica, a saber, a autoprodução e reprodução do homem. Por mais mediada que esta possa ser no modo de produção capitalista, não se pode desconsiderá-la caso se queira estabelecer uma concepção coerente do desenvolvimento histórico, o qual – como se pretendeu demonstrar – não prescinde da mediação do cotidiano. Portanto, justamente por trata-se de um processo unitário, não se pode transformar efetivamente um dos fatores que geram a alienação capitalista sem considerar todos os outros: a transformação das relações de produção pressupõe a transformação da vida cotidiana. Para isso, uma forma ideológica que pretenda combater a alienação deve combater a sociedade civil-burguesa no que lhe é essencial e para isso a forma ideológica por excelência, a qual concebe uma sociedade realmente livre deve ser socialista.