20 dezembro 2007

I need a fix 'cause I'm going down


She thought she had seen him accross the street, walking calmly, smoking one of those stinky cigars. She ran chasing him, a bus passed in front of her and when she got to the other sidewalk, there was no trace of Mr. N. I started calling him N. because of her, just my silly habit of taking up other people's nicknames. She knew it was possible, that he could be back, that he would never stop hunting her. She was slightly drunk, head spinning with the rush fromt he idea of getting rid of him. He deserved it, afterall. She saw another bus pass her by, and felt the pleasure of pushing him in front of it, hearing the breaks, the hit, the smashing soud of brain and blood spilled on the concrete, the "ohs" and "ahs" from the walkers around, such pleasure...

19 dezembro 2007

I need a fix 'cause I'm going down




After her return home from Europe, she became quite used to taking larger steps than her legs could handle, it usually meant tripping, falling and even getting all screwed up, but Eleanor didn't care. She liked her scars, she liked the memories of all her falls and crashes, never regret, she told me. I never got accustomed to this reckless posture, maybe because I grew fond of her "happy shiny smiley" self. After that party she spent months being "normal", plain, absolutely ordinary, she hated it more than one can imagine. I simply got to know her that way, truly believed she was just a shallow cheerful puddle of blondness. It was easy to be with her, no drama, no tears, she had no problems. I had forgotten about the strange scene at that party, until another event unchained a series of lapses of behavior, as if Eleanor was replaced by someone else, enraged and troubled, whenever people said things related to let's say optimist approach on life, even trivial comments on her humor started to thrown her out. That particular event, trigger to the new Eleanor, took place in Paris. I read her journal when I went to collect her stuff from the clinic. Nobody knew what she had gone through there, what he made her go through. And after such traumatic episode, she came back almost doubled. She could be sweet and sour, happy and sad, the same Eleanor, but restless whenever someone mentioned she was perky, intense, vivacious. She would always frown, her face darkened and ripped words crossed her lips: you know nothing about me, life, or anything that matters, for that matter. After a while she took up the negligent conduct that led her to reveal all the problems I thought, we thought, she didn't have. And that's when all the wounds and scars begun to show.


17 dezembro 2007

I need a fix cause I'm going down




I met her when she was still just happy and shiny. Her blond hair had volume and light, her small eyes were alive and she talked loudly whenever she felt life was good and things would only get better and better. But halfway through the night (it was at a party or something), she showed me the first signs that things most probably were going to get worse. I can't remember what triggered such strange reaction, but she suddenly fisted the table and told a girl to shut it, because she didn't know anything about life. All perplexed eyes moved rapidly into their orbits as guided missiles towards agitated targets, while she and the girl digladiated in silence. At first, past the chock, the offended one stood up and tried to climb accross the table, struggled to reach the "blondie" (as she squeezed between clenched teeth), hands holding her back. For a few seconds Eleanor stood stil, unaffected, and then turned around, gave the fisty girl her back and walked away, as if no sotrm had been. Then, following this disturbingly serene response, the girl screamed at the already far away Eleanor: "You freak!". And that was about enough to turn her back into the old smily and shiny to whom I was introduced. At the time it wasn't clear to me what had happened, it seemed like a normal irritated reaction anyone could have on a bad day. But later on I would understand the real meaning of the weird episode.

16 dezembro 2007

I need a fix 'cause I'm going down
























She held those hands, pressed them hard, held them as if letting go meant the most unbearable pain, nails being ripped off, nonstop vomiting, little pieces of glass slowly piercing arms and legs, knives runnig through the feet's sole, nothing would be worse then letting go. She had to losen her fingers, to her despair, after all, she was meant to go through hell like all sinners are. She went back by herself, crying all her past mistakes, regretting all the broken bones, broken steps, bronken bonds that would never heal, like she would never heal from letting go. That was just the logical consequence of walking away, the solitude of all the songs that you can't hear, all the colors you can't see and all the words you can't pronounce because: YOU ARE ALONE. And this insuperable condition was exactly what defined her, not who she once were, not who she was, not all she could ever be, the simple existence came down to two little words that nobody could spill out, otherwise the world would collapse in consciousness and they just couldn't let that happen. All they did was let her suffer such collapse, isolated, making it look like she suffered from a contagious illness so distressful that the mere gaze of her eyes were enough to make me sick.

12 dezembro 2007

L'erreur qui triomphe



















Passou a luva de camurça pelas bochechas, secou o cachecol, espalhando as bolinhas salgadas pela lã, deixando uma camada fina e brilhante de água. Sacudiu a cabeça num descrer incessante, como se nunca mais fosse acordar. Olhava a luz dos carros passando, lembrando como foi diferente estar com ele em P., onde não havia mais ninguém que um para o outro. Talvez fosse exatamente o fato de estarem em outro país que possibilitou o que ela achava impossível. Idiota, a partida dele provava que nem outra galáxia operaria esse milagre.

Pensou bem na obviedade que era ter um romance em P., ela chegara ao ridículo de pensar que teria com ele o que via no cinema, aqueles roteiros mecânicos e previsíveis com finais adoçados com aspartame, porque sempre deixam um gostinho ruim na boca ao final. Acabou que mesmo com todos os ingredientes de uma história de amor perfeita, tudo se desenrolou como num filme B. E o final foi de filme dos anos 50, aqueles de romance sem final feliz, não como mandava o figurino. Clichê, ela? Imagine, Casablanca não passava agora pela sua cabeça...

Pensando no dia do primeiro encontro, estava tão feliz por encontrá-lo depois de mais de um ano! Era perto dali, numa ruelinha onde havia um bar gay, um albergue e uma loja de bijuterias feitas por um hippie americano. Como ele tinha mudado, morando naquele lugar tão pouco sério, talvez tivesse se libertado. Ela não sabia que chegaria em P. para encontrá-lo tão diferente, esperava que não tivesse transado com outro homem nem nada assim...

N. disse que não só não tinha transado com homem, como não tinha transado com ninguém desde que partira, um ano antes. Devia ser mentira dele pra me comer, pensou bem agora, ele já estava há algumas milhas, com certeza tinha mentido. Que fosse, era uma ilusão boa pensar que ela fora a primeira em tanto tempo. E foi a única por mais um bom tempo... Ele devia estar agora com uma aeromoça no banheirinho da econômica, aquele cheiro desagradável de xixi misturado com perfume barato e sexo. Mania de se torturar assim, não aguentou segurar as próximas lágrimas, que enxugou com força, deixando as bochechas vermelhas.

Precisava colocar a cabeça no lugar e parar de lembrar do começo, tinha que pensar mesmo no fim. Nessa hora veio a lembrança do "te amo" que ele vomitou pra ela numa bebedeira nas escadas da Sacre Coeur, devia fazer um mês. Nunca mais tocaram no assunto, mas ela o guardava. Lembrou-se que foi quando decidiu ficar em P. e jogar tudo pro alto chez elle, remorso não era suficiente pra explicar o que sentia, o desespero de estar ali sozinha. Boba... Nunca poderiam mesmo dar certo, afinal, quem tinha mudado, se mudado e movido céus e terras para eles fora ela! E o que foi que ele fez? Absolutamente nada... E na hora de fazer algo, se jogou no primeiro avião. Tinha mesmo de pensar no que faria agora, sozinha.

Começou a rir baixinho da cena patética de despedida, nunca achou que fosse passar por aquilo, como se em P. o desfecho fosse ser diferente da primeira vez...

11 dezembro 2007

Resignação

























eram quatro as crianças cheirando cola, as crianças da Elisa. não tinham mais de sete anos, as crianças da Elisa. vi esse projeto de quadrilha a judiar de um cão cego e comer um pão sujo. as crianças da Elisa não têm casa, moram ali mesmo atrás da banca de jornal. com os dentes amarelos fazem três refeições ao dia, o jantar sempre é um resto de sanduíche do Mc' Donald's. os pequenos bandidos, as crianças da Elisa, não roubaram a moça jque passava, apenas pegaram seu celular emprestado. queriam só falar com os pais que não têm. nasceram de um repolho, as crianças da Elisa, seus pais não transaram. encontraram-nas num repolho podre, na lata do lixo. não tem salvação, o bando cheirando cola. as crianças da Elisa não têm salvação.

10 dezembro 2007

Bastille
























E àquela altura ele já devia estar no avião, talvez espremido entre uma senhora com odor de queijo e um senhor suando muito. Ou melhor, e uma mãe com um bebê recém nascido. Sim, seria um bom começo de vingança. Sabia que não, provavelmente foi o que de fato aconteceu, talvez ele tenha conseguido um lugar na saída de emergência, ao lado de um assento vago. Pior. Deve ter sido upgraded à executiva. De qualquer modo, tinha fugido o mais rápido que pôde, no primeiro vôo, da primeira hora, do primeiro dia do que seria o resto da vida dela. Só não foi a nado porque o Atlântico é deveras extenso.

Sem muito saber como, ela chegou à praça onde tinha encontrado N. pela primeira vez. Na verdade, o conhecera ainda no B., e muito bem. Foram amigos, amantes, e no fim não eram nada. Nunca foram nada enquanto sempre fazia 30° lá fora, os trópicos não foram para eles. Mas na terra da luz, onde em dezembro há floquinhos caindo do céu (ainda que em julho haja velhinhos morrendo de calor), lá tudo podia. Se houvesse um paradis como o de Luísa e Basílio, esse seria aquela cidade. Lá não havia julgamento, tudo estava por ser descoberto. Não tinham que se preocupar com nada, ou quase nada, e isso levou à criação de um nós. Claro, totalmente perecível, descartável, expirável, sentia-se lixo agora. Mas houve um nós, não podia negar, não mais.

Encontrou-o, naquela mesma praça, 6 meses antes. Fazia sol, calor, algumas crianças tomavam sorvete, se lambuzando sem dó das mães que lavariam as camisetinhas brancas depois. Lembrou-se de ter pensado como gostaria ela de ter de lavar aquelas camisetinhas, e depois poder guardá-las numa cômoda antiga no quarto decorado todo de azul e rosa (sempre quisera um casal de gêmeos, aqueles clichês). Tinha cumprimentado N. com um aperto de mão constrangido (afinal, na cabeça só se passavam filhos e maridos) e um beijo que deu errado, e que de tão errado acabou por dar certo. Lembrou-se que naquela mesma noite já o beijava com toda a paixão acumulada.

Hoje não podia mais dizer que aquilo era dar certo. A frustração lhe tomava conta, sentia a chama do vermelho no rosto, mesmo com o vento gelado e a garoa fina. Sentou-se no café em frente à FNAC na qual conversaram, um semestre antes, colocando a vida toda em dia. Foram horas difíceis, passaram juntos por todos os tipos de sentir. Como tinha sido bom pôr o peito todo pra fora! Se permitiu chorar na frente dele e rir das besteiras dele. Todo o catching up tinha sido suficiente para que ela soubesse, dissesse de novo pra si mesma "é com ele". Duas lágrimas grossas escorreram pelas bochechas até que chegaram no cachecol. Ficaram paradas, intactas, sem que se rompessem, dois pontinhos, saída e chegada, começo e fim.

Poème Sale



09 dezembro 2007

Brincadeira "da frase da página 161". Achei em outro blog, o Arquivo XX.

É assim:

1- procurar um livro próximo (o primeiro que aparecer, não vale escolher)
2 - abri-lo na página 161;
3 - procurar a quinta frase completa;
4 - postá-la no seu blog;
5- não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6- repassar a outros cinco blogs.

Primeiro livro que apareceu foi o "Poésies", do Rimbaud, que eu comprei num sebo ontem! Eu tava louca atrás de um livro do Rimbaud em francês e essa livraria/sebo na 7 de Abril lá no centro é muuuuuuito muito boa, mesmo. Vale a pena conferir.














Página 161: quinta frase completa: Pendant que les fonds publics s'écoulent en fêtes de fraternité, il sonne une cloche de feu rose dans les nuages.
(Enquanto os fundos públicos são desviados em festas de fraternidade, soa um sino de fogo rosa nas nuvens.)

Repasso para Marocas, AnaR, Snoopy, Ivan e Ponce.

07 dezembro 2007

5. Da Série "Incômodos"

























Verdades Inconvenientes - VI


diagnosticados como
díspares, imcompatíveis
não há droga que cure
toda essa carência

06 dezembro 2007

4. Da Série "Incômodos"

















Verdades Inconvenientes - V

quebrou-lhe o coração
as pernas,
promessas
e a conta bancária

05 dezembro 2007

Da Trilha Sonora da Minha Vida




















If you see her, say hello
She might be in Tangiers
She left here last early spring
Is livin' there I hear
Say for me that I'm all right
Though things get kind of slow
She might think that i've forgotten her
Don't tell her it isn't so.

We had a fallin' out
Like lovers often will
An' to think of how she left that night
It still brings me a chill
An' though our separation
It pierced me to the heart
She still lives inside of me
We've never been apart.

If you get close to her
Kiss her once for me
I always have respected her
For doin' what she did an' gettin' free
Oh whatever makes her happy
I won't stand in the way
Though the bitter taste still lingers on
From the night i tried to make her stay.

I see a lot of people
As I make the rounds
An' I hear her name here an' there
As I go from town to town
An' I've never gotten used to it
I've just learned to turn it off
Either I'm too sensitive
Or else I'm gettin soft.

Sundown, yellow moon
I replay the past
I know every scene by heart
They all went by so fast
If she's passin back this way
I'm not that hard to find
Tell her she can look me up
If she's got the time.

04 dezembro 2007

3. Da Série "Incômodos"
























foto: Sergio Abaldi

Verdades Inconvenientes - IV

à Lilian Aquino

obstinada em ser aversu
do que ele quer
essa teimosia custa
encontrar o lado certo

02 dezembro 2007

"El eterno grito de la existencia"
























281
(Parte 1)
Sobre un amor inconcluso,
que por inconcluso devino eterno

En el telar del insomnio las ideas tejieron un tiempo antes del tiempo, un dolor antes del dolor, y una alma desnuda en un desierto de espinas, compuso la figura difusa de una doncella habitante de un abismo circular de emociones.
En ese hueco un estoico caballero precipitó su búsqueda al galope, atravesando distancias siderales para hallar su morada.
La raya del destino marginó de todo análisis esta cruzada, y una interspersa reacción, instó a su imaginario a pensarla escondida en un futuro tan distante del presente, como tempestuosamente amarrado al pasado. Hacia donde huye presurosa la armonía, escapando del entendimiento lineal de las cosas. Donde se aclaran las lágrimas de la angustia. Donde se asiste a la comprensión de ese sufrimiento y los sueños engendran el más bello acto de pluralidad.
Hacia ese frágil escenario dirigió su marcha, pero la tortura de un divagar eterno fue calando su esperanza, y este viejo jinete, cansado de andar, desensilló una mañana dejando tumbar su cuerpo sobre la fresca hierba que supo acunar a su bendita ilusión.

Los ecos de la muerte inundaron la doncella.
Abrumada por el olvido, acorralada por el instante, corrió hacia aquel círculo atemporal.
Sus ojos, tan descalzos como su ternura, contemplaron a este solitário viajero, pero sin atreverse a despertarlo...
...sólo para que en su sueño, él... la continúe pensando.

(Intersperso: disperso interiormente)

foto e texto: Sergio Abaldi, in "El eterno grito de la existencia" - Sentencias Viscerales II

01 dezembro 2007

2. Da Série "Incômodos"

Verdades Inconvenientes - III

tracei planos e linhas
desenhei todos os nossos passos
quem diria que voê
usaria a borracha