31 maio 2009

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Love Conquers All


frase muito bonita e tudo, mas é mentira. Amor assim é coisa de novela da globo, de filme de Hollywood (e Bollywood também, ainda que daquele jeito estranho, cheio de dancinhas), de seriados novaiorquinos sobre 6 amigos que, no final, encontram suas respectivas almas gêmeas, de músicas românticas cantadas pelo Wando e livros da Jane Austen...


amor de verdade é algo totalmente diferente do que todos os meios de arte e mídia imprimem na nossa cabeça desde que nascemos. Exemplo prático: o casal da famosa foto do Doisneau, tirada em frente a prefeitura de Paris, é um ícone do Amor. Namorados se presenteiam com quadros dessa imagem, apaixonados usam como plano de fundo de seus computadores, mulheres românticas tentam imitar a pose (ainda que seja no Viaduto do Chá, em frente ao Matarazzinho). Um porém, todos se esquecem que aquele casal se separou e nunca mais se encontrou até o leilão da fotografia original!


o que é mesmo, então, que o amor conquista? Se não é felicidade eterna, fidelidade eterna, ou algo eterno, a conquista não parece um grande acheivement. Sei que amor pode vir em muitas formas, mas nenhuma é incondicional, resistente a qualquer intempérie, à prova de balas. Por que, então, pintam esse Amor com a maiusculo como a única solução, o conquistador de tudo? Para que serve essa construção de Amor invencível?


As pessoas têm de acreditar em alguma coisa. Podiam ter escolhido ódio, raiva, vingança, inveja. Decidiram, não sei quando, que o grande protagonista dos nossos períodos de busca seria o Amor. É a ele que recorremos, é ele que queremos e desejamos e almejamos para nossa vida. Only for what? Sofrimento. São irmãos gêmeos. O meu cinismo me impede de ver algum tipo de amor sem um down side. Todo amor implica em perda, em sacrifício, em dor, mais cedo ou mais tarde. E todo amor tem data de validade. Todo. Sem exceção.


Não, nem me venha com a história dos seus avós que estão juntos e apaixonados pelos últimos 60 anos. Isso se chama conveniência. Sim. Amizade, cumplicidade, comodismo, preguiça, escolha o seu substantivo. Amor, do jeito que me ensinaram nas histórias de lived happily ever after nunca vi. Amor tem um ar tão mágico, místico, inexplicável. Só se sabe quem sente, não dá pra explicar. BULL-SHIT. Se você sente, como animal racional, consegue descrever. Assim como um médico consegue identificar um ataque do coração pela descrição da dor que o paciente faz. Amor deveria ser diagnosticável.


Ah, se eu já amei? Já falei “eu te amo” sim, já senti aquela sensação indizível de, … de, … de que? Sei lá. Se eu amo meus pais? Claro. I'm supposed to. Minha irmã? Obviamente! Então explica! Nem tem como. Às vezes eu amo, às vezes odeio. Amor é o oposto de ódio então? Deve ser, já me perdi no meu próprio raciocínio e no meu próprio cinismo ilimitado...